PSD arrasa Justiça

    O PSD criou — e bem — a Universidade de Verão, espécie de retiro político-espiritual onde se encontram os grandes líderes e os futuros grandes líderes da Nação, para uma pedagógica forma de transmissão do conhecimento/vícios adquiridos. Desta feita, em Castelo de Vide, o euro deputado Paulo Rangel, uma das mais lúcidas e […]

  • 19:33 | Domingo, 30 de Agosto de 2015
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O PSD criou — e bem — a Universidade de Verão, espécie de retiro político-espiritual onde se encontram os grandes líderes e os futuros grandes líderes da Nação, para uma pedagógica forma de transmissão do conhecimento/vícios adquiridos.
Desta feita, em Castelo de Vide, o euro deputado Paulo Rangel, uma das mais lúcidas e avisadas vozes do partido conjuntamente com a de Marco António Costa, sem papas na língua, deixou a Justiça portuguesa pelas ruas da amargura, com uma frase lapidar e assassina:
“Se o PS estivesse no poder, Sócrates e Salgado não seriam investigados!”
Mas disse mais: “O ar democrático em Portugal hoje é mais respirável e nós somos um país mais decente.”
 
Primeiro, sendo advogado de formação sabe do que fala. É o seu sector.
A separação de poderes, pela sua boca, não existe. A Justiça, pelas suas palavras, serve à política. E serviu à política até 2011. Desde essa data tendo outro comportamento/atitude porque o PSD é governo.
Isto é um assunto sério e de muita gravidade. E tão mais grave quanto ainda ninguém o desmentiu, o que, conjecturalmente pode ser iladido pelo aforismo popular “Quem cala consente“. Consente?
Segundo, o advogado Paulo Rangel, que deve conhecer a Justiça por dentro e por fora, não explicou porque é que a Justiça, essa Justiça que hoje investiga Sócrates e Salgado porque o PSD é governo, não investiga também a Tecnoforma que envolve Passos Coelho, nem Dias Loureiro, nem o caso dos submarinos, nem a gestão de MAC na câmara de Gaia, por exemplo.
Terceiro, será o facto de os juízes terem sido das raras, senão a única classe aumentada pelo governo em 432,7€, ou seja em 9%, que lhe permitirá afirmações deste despudor?
Quarto, enquanto deputado europeu com responsabilidade e imunidades acrescidas, usufruindo de imensas mordomias que uma dezena de milhões de portugueses nunca terá, tais como um salário de base de 7.958,87€, mais um subsídio de estadia variável entre 304,00 a 152,00 €/dia, mais um subsídio de despesas gerais de 4.299,00€/mês, mais 0,5€/km para despesas de viagem, mais 21.209,00 €/mês para despesas do staff à sua escolha e etc. e tal… este somatório de regalias, espécie de sonho inalcançável pode justificar uma afirmação destas:
“A coligação PSD/CDS-PP já disse muito claramente o que quer: continuar no mesmo caminho de crescimento gradual (?), credibilidade do país (?) e saneamento das contas públicas (?)”.
Poder pode. Pode continuar a enganar e a mentir aos portugueses. Está a a fazer o seu papel de político. Não pode e não deve é achincalhar a Justiça, porque ela — como ele bem sabe — é um dos pilares básicos de um Estado de Direito e Democrático.
Ensurdecedora é a afonia da visada. Pois se a queremos cega, não a desejamos muda…
 
 

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Publicado em Editorial