Prós e contra(s) Douro – Um mau serviço público

O programa da RTP1 Prós e Contras de Fátima Ferreira, ontem transmitido sobre a Região do Douro foi uma lástima. Em vez de se tornar num momento de enfatização, destaque e louvor de um território que é Património da Unesco e Património da Humanidade; em vez de servir de adjuvante a um precioso trabalho feito […]

  • 21:10 | Terça-feira, 15 de Outubro de 2019
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O programa da RTP1 Prós e Contras de Fátima Ferreira, ontem transmitido sobre a Região do Douro foi uma lástima.

Em vez de se tornar num momento de enfatização, destaque e louvor de um território que é Património da Unesco e Património da Humanidade; em vez de servir de adjuvante a um precioso trabalho feito por todos os autarcas durienses congregados na Comunidade Intermunicipal do Douro; em vez de elencar actantes que muito têm lutado para a superação das oponências existentes, mormente do Poder Central; em vez de evidenciar toda uma pugna levada a cabo pelos 19 municípios deste território em prol do Douro; em vez de afirmar este território pelo seu valor mundialmente reconhecido…


… Cingiu-se a um mesquinho lavar de roupa suja, aberta que foi a caixa de Pandora dos partidarismos, do sectarismo, do ressabiamento, das Casas/Quintas e seus caciques, dando voz ao azedume amargo do rancor e esquecendo tudo que há de maravilhoso, de congregador, de união por uma causa comum, ali aviltada, espezinhada, desprezada…

Fátima Ferreira não foi feliz enquanto moderadora, enquanto coordenadora, enquanto responsável do programa. Deixou-se levar numa comezinha discussão sem nível nem sentido.

É evidente que não foi ela que falou. Mas foi ela que escolheu os protagonistas e que deu acolhimento e voz às diatribes de 2 ou 3 em detrimento de algumas dezenas ali presentes, legítimos representantes democraticamente eleitos, foi ela que deu voz às glórias do passado em agravo daqueles que do seu quotidiano fazem jornadas no presente de luta e missão pelo desenvolvimento desta imensa comunidade, nesta “terra recalcada dos vinhedos” onde não se cumpriu o apelo de TorgaVinde à terra do vinho, deuses novos! / Vinde, porque é de mosto / O sorriso dos deuses e dos povos / Quando a verdade lhes deslumbra o rosto.”

A verdade não vingou e no final ficou o retrato desfocado de “Um doirado caudal / De sofrimento. / Correndo, sem saber / Se avança ou se recua. / Correndo, sem correr. / O desespero nunca desagua…”

Mais valia que o “serviço público” do intento se tivesse imposto aos detractores da Terra, mais valia, na sua impossibilidade, que se tivesse despenhado daquelas bocas só o silêncio e tolhido o fel da má colheita.

Paulo Neto

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Publicado em Editorial