Portugal das (en)comendas

“… num enlevo recíproco se afrontam por sorriso meio-abraço palmadinha em número e categoria bem proporcionado à importância da efeméride que ali os juntou…” “A Saca de Orelhas” – A. O’Neill   Há peitos que engrandecem as medalhas e medalhas que não douram os peitilhos. A esmo e eito, do fim ciente, Cavaco Silva medalhou […]

  • 12:20 | Quarta-feira, 10 de Junho de 2015
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“… num enlevo recíproco se afrontam
por sorriso meio-abraço palmadinha
em número e categoria bem proporcionado
à importância da efeméride que ali os juntou…”
“A Saca de Orelhas” – A. O’Neill
 
Há peitos que engrandecem as medalhas e medalhas que não douram os peitilhos.
A esmo e eito, do fim ciente, Cavaco Silva medalhou 50 portugueses. De bem e não só.
No mesmo ímpeto embarcou merecedores e outros. Desonrou-os por inteiro.
Lado a lado, peitos da comenda impados, os Franciscos. Balsemão e Lopes, tickets tirado prá parada. O filho do ex-primeiro-ministro e ex-mister-bilderberg, de um país pífio e de uma restrita seita, igualou-se na distinção ao autarca anfitrião e campeão – ão, ão, ão – da dívida lamecense e da (quase) insolvência de dezenas de milhões.
Uma década de Cavaco assim se fina de afogadilho junto ao Doiro, sem saudade nem consenso, num país à O’Neill,
“País engravatado todo o ano
e a assoar-se na gravata por engano.”
 
Um “país relativo” no absoluto das suas assimetrias, pobreza e riqueza, ambas muitas, material e de espírito, acolitado a contra-fé em nome do bardo olvidado, acantonando sotaina e farda à sombra dos Remédios – quase genéricos para o mal da Raça.
 
 
Escreveu a Natália no seu “Fado do Coveiro”:
(…)
“Estremece Aníbal com o pardal fadista
que aquilo é treino para o último regalo:
escaqueirar o reinado cavaquista
e sobre a tumba, por fim, cantar de galo.”
 
E Alexandre, em “A História da Moral”
(…)
“Você tem-me cavalgado,
seu safado!
Você tem-me cavalgado,
mas nem por isso me pôs
a pensar como você.
Que uma coisa pensa o cavalo;
outra quem está a montá-lo.”
 
Tenha um excelente Dia da Raça, das Comunidades, de Portugal e de Camões!
 
 
 

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Publicado em Editorial