Politiquices & coisas sérias, como castanhas, míscaros e fêveras

    Há dias em que nos conseguimos libertar de telemóveis e outros meios de comunicação, tais como redes sociais, jornais, televião e similares. Ontem foi um deles. Desci à capital – o que sempre faço a custo – e fruí o gosto de estar com pessoas reais, não virtuais com quem dei asas à pureza […]

  • 10:25 | Terça-feira, 20 de Outubro de 2015
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Há dias em que nos conseguimos libertar de telemóveis e outros meios de comunicação, tais como redes sociais, jornais, televião e similares. Ontem foi um deles. Desci à capital – o que sempre faço a custo – e fruí o gosto de estar com pessoas reais, não virtuais com quem dei asas à pureza das boas e estimulantes conversas das quais, cada vez mais frequentemente, nos arredamos e sentimos uma quase saudade…
Já era hoje quando cheguei a casa e retomei a rotina de aceder à informação digital. E ao que parece, ancho foi o dia.
Cavaco Silva fez o que era previsível, indigitar Passos Coelho para formar governo. Governo esse para o qual precisa de Costa como do pão para a boca. O que levou o “irrevogável” Portas, com toda a sapiente humildade que tão bem lhe reconhecemos a colocar o seu lugar de 2º plano à disposição do secretário-geral socialista.
Costa é posto perante o dilema de ser o número 2 de Coelho ou o número 1 de um governo de esquerda.
De qualquer forma, com ou sem “reféns”, como propala a boquinha cínica do lider do CDS, o que será natural é o governo do ora indigitado Coelho tomar posse e cair de  seguida na Assembleia da República. Ou seja, os deputados eleitos pelo povo reprovarem o 1º primeiro-ministro indigitado por Cavaco e o governo alinhavado por Coelho.
Entretanto e à mistura, urge também eleger o presidente da AR que substituirá à esotérica dignatária cessante, especulando-se se será um nome afecto ao PS — para amaciar — e se dentro dos nomes possíveis, será da ala costista ou segurista.
Uma “salade niçoise” ou para sermos mais patriotas, uma caldeirada à moda da Gafanha da Encarnação.
Orçamento para trás, orçamento para a frente, governar com duodécimos ou sem eles, um empurrãozinho da UE, comentadores com ticket tirado para perorarem sobre todos os assuntos na pluralidade das suas milhentas perspectivas e etc., nada parece carrear a solução para os estranhos e inesperados dias que se avizinham.
Nem augúres nem auspíces, a Pitonisa em marcha para Belém e a Sibila de Cumas há muito aposentada, vamos fazer como Ricardo Reis, sentar-nos sem Lídia junto ao rio que corre e deixar que a correnteza escoe as angústias para a foz. Entretanto, os deputados eleitos que fizeram rodopio no Tavares, na Massimo Dutti e na Zara a comprar o fatinho e a gravatinha para a “première”, fazem piaffé no picadeiro do Arnado.
 
Agora falando de coisas sérias, Sernancelhe vai ter aí a sua XXIIIª Festa da Castanha, um certame dedicado ao melhor fruto dos soutos do mundo (digo eu, que sou Cidadão daquela bela Vila) — a martainha, gorda, carnuda, saborosa, maravilhosa, aliada a uma prova de BTT que já conta com um milhar de inscritos, que irão provar sua resistência, ao pedal pelos trilhos dos soutos da região.
Se na vizinha Moimenta da Beira decorreu há pouco a Expodemo, tão à belíssima Maçã dedicada, em Aguiar da Beira, a jusante e por seu turno, realizar-se-à o IIº Trial do Míscaro, juntando também o desporto na madre natureza com os produtos endógenos dela oriundos.
Virando para a pecuária e também em perfeita relação directa com esta matriz, Mangualde levará a efeito mais uma da sua secular Feira dos Santos, onde a fêvera do sápido suíno estralejará por frigideiras e sertãs.
A TERRA na sua ancestral presença nunca foi infiel ao Homem. E se este, porventura, dela se afasta periodicamente e em momentos mais pródigos e miríficos, a ela retorna, constante, nos momentos mais sáfaros e de crescente dificuldade…
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Publicado em Editorial