Os podres da politiquice

    Nunca confundi amigos com política ou religião. Tenho amigos que muito prezo e estimo de todas as ideologias e credos, desde o mais acirrado ultramontanismo ao convicto budismo. Cimentámos a nossa relação no respeito pela diferença e na certeza que a dissemelhança é a vitamina da democracia e o tónico que nos faz […]

  • 10:10 | Sexta-feira, 09 de Dezembro de 2016
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Nunca confundi amigos com política ou religião.
Tenho amigos que muito prezo e estimo de todas as ideologias e credos, desde o mais acirrado ultramontanismo ao convicto budismo. Cimentámos a nossa relação no respeito pela diferença e na certeza que a dissemelhança é a vitamina da democracia e o tónico que nos faz mais abrangentes, pluralmente melhores, mais lúcidos e nítidos na visão que abarcamos do mundo em que vivemos.
Porém, hoje há gentinha politiqueira que corresponde ao mais abjecto social que existe e, à qual, em condição alguma nos devemos unir, ou com eles porventura compactuar.
Infelizmente, no seio da maioria dos partidos políticos, muita desta gente encontrou alcoite e covil, e daí a serem  guindados a situações nas quais desfrutam de algum poder – muito ou pouco – é um célere vê se t’avias.
Essa multidão ávida transporta em si uma amoralidade velha e rançosa, uma ausência total de escrúpulos, um chico-espertismo e um egotismo deslumbrado, fixado exclusivamente na sua ascensional pessoa, leve como o algodão, na tão efémera quão dolosa trajectória esvoaçante.
São postos em lugares destacados, de chefia, de direcção, mandantes a termo, quando, na maior parte das vezes são meros seres descontrolados, incompetentes, néscios e apalermados.
Comissários-de-qualquer-coisa, não por justa competência, mas por serem filhos de A, ou genros de B,  ou sobrinhos de C… fidelíssimo lugar-tenente das hostes temporariamente com prazo de validade, a quem por esta forma iníqua e dúbia se faz um agrado, se paga um frete, negoceia uma mão-cheia de votos, recompensa uma fidelidade, na pessoa de um familiar mais inepto, mais falhado, mais desclassificado, mais desvirtuado de qualidades, sequer para acartar baldes de massa na construção civil, sem ofensa aos trolhas, cujo digno e braçal trabalho muito respeito.
E como na corrupção há os corruptores e os corrompidos, nas nomeações existem os nomeadores e os nomeados. A mais das vezes, face e verso da mesma vil moeda, acriteriosa, acéfala, poluta e cúmplice.
Quando hoje constatamos onde desceu certa classe politiqueira nacional, apercebemo-nos das razões do seu amplo descrédito e, mais, vislumbramos a sua irreversível negatividade a par com a enorme competência em conspurcar tudo em que tocam… começando em quem os acolheu.
Uma dúzia de maçãs podres a apodrecer toneladas de fruta sã, um punhado de radículas contaminadas a destruir toda uma verdejante floresta.
 
 

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Publicado em Editorial