Olhar as manchas e ver virtudes?

    Hoje, quando fala a dupla Coelho&Portas, a largueza dos ouvintes fora do corporativismo amesendado, assim pondera: “Palavras sem obra, são tiros sem bala; atroam mas não ferem“, pregava Pe. António Vieira no Sermão da Sexagésima. E mais acrescentava: “Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias obras (…) as […]

  • 19:01 | Domingo, 02 de Agosto de 2015
  • Ler em 2 minutos

 
 
Hoje, quando fala a dupla Coelho&Portas, a largueza dos ouvintes fora do corporativismo amesendado, assim pondera:
Palavras sem obra, são tiros sem bala; atroam mas não ferem“, pregava Pe. António Vieira no Sermão da Sexagésima. E mais acrescentava: “Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias obras (…) as palavras ouvem-se, as obras vêem-se; as palavras entram pelos ouvidos, as obras entram pelos olhos, e a nossa alma rende-se muito mais pelos olhos que pelos ouvidos.”
 
Um governo apresentado ao sufrágio popular como alternativa legítima, verdadeira e capaz de mudar o rumo de um país, cumpre uma legislativa em Outubro de 2015.
Governando desde 2011, percebe-se hoje com inequívoca nitidez, que não foi às urnas para salvar Portugal e aos portugueses, veio vender Portugal dos portugueses e remeter o Portugal dos portugueses a um condomínio de luxo, privado, com milhões de aios a laborar, para duas mãos-cheias de amos.
O governo que traria a prosperidade aumentou a miséria; os governantes da fortuna eram, afinal, meros profetas da desgraça.
Escreve Vieira acerca dos pregadores da desgraça: “Se quando os ouvintes percebem os nossos conceitos, têm diante dos olhos as nossas manchas, como hão-de conceber virtudes? Se a minha vida é apologia contra a minha doutrina, se as minhas palavras vão ser refutadas nas minhas obras, se uma coisa é o semeador e outra o que semeia, como se há-de fazer fruto?
 
Tudo o que Coelho&Portas se propuseram realizar com êxito, timbre e cunho de uma governação credível, redundou no mais nefasto insucesso.
Vieram para reduzir a dívida;
Vieram para reduzir o défice;
Vieram para reduzir impostos;
Vieram para reduzir o desemprego;
Vieram para criar melhor Saúde;
Vieram para criar melhor Educação;
Vieram para criar melhor Justiça…
E qual o balanço?
A dívida aumentou grandiosamente;
O défice, que seria reduzido para 0,5, está em 4,9;
Os impostos não param de aumentar;
O desemprego cresceu, apesar de todos os ilusionismos feitos para camuflar a verdade, como provam as recentes declarações do INE, que tanto irritaram Coelho;
A Saúde e o seu sistema nacional foi paulatinamente destruído para o dar de bandeja aos privados;
A Educação não melhorou — era impossível fazer pior que Maria de Lurdes Rodrigues — só cumulou o ensino privado de benesses materiais em detrimento do ensino público;
A Justiça… sem ir mais longe… reflecte-se nas argoladas sistemáticas da sua “obnóxia” titular.
E que fica?
Uma mentira constante.
“… os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma parte há-de estar branco, da outra há-de estar negro; se de uma parte dizem luz, da outra hão-de dizer sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão-de dizer subiu. Basta que não havemos de ver num sermão duas palavras em paz? Todas hão-de estar em fronteira com o seu contrário?
 
 
 
 
 

Gosto do artigo
Publicado por
Publicado em Editorial