Gostaria de chamar-se Justiça?

  Nos EUA existem referenciados 922 nomes próprios unissexo, estando em 20º lugar na tabela com 27.351 utentes o antroponímico Justiça.   Enquanto o CM de hoje faz manchete com foto de José Sócrates de mão esquerda na cabeça e o sugestivo título: “Luvas de 12 milhões para lei à medida” e o sub-título “Licenciamentos […]

  • 11:46 | Quinta-feira, 11 de Junho de 2015
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Nos EUA existem referenciados 922 nomes próprios unissexo, estando em 20º lugar na tabela com 27.351 utentes o antroponímico Justiça.
 
Enquanto o CM de hoje faz manchete com foto de José Sócrates de mão esquerda na cabeça e o sugestivo título: “Luvas de 12 milhões para lei à medida” e o sub-título “Licenciamentos à Freeport aplicados em Vale do Lobo“, no Público, João Miguel Tavares diz que a “coragem e coerênca” de Sócrates invocadas pelos jornalistas Nicolau Santos, Miguel Sousa Tavares, Daniel Oliveira e Pedro Marques Lopes, são também atributos “do kamikaze ao oficial japonês que abre a barriga com um sabre, para evitar a rendição, passando pelo nazi que se suicida com cianeto.”
 
No DN a notícia é: “Advogados e juízes dão razão à defesa do ex-primeiro-ministro e dizem que o MP e o juiz estiveram mal” e continuamos a citar “O Ministério Público pode mesmo ter cometido uma ilegalidade ao não ouvir o ex-primeiro-ministro sobre a sua manutenção em prisão preventiva, depois de este ter recusado a prisão domiciliária e com pulseira electrónica.”. O DN acrescenta ter ouvido penalistas e desembargadores que são também desta opinião. Escreve ainda acerca da “falha do MP e do juiz de instrução” e consubstancia-se com a opinião do presidente da Associação de Advogados Penalistas, Paulo Cunha e Sá.
 
Independentemente de toda esta pendular oscilação acerca dos diversos contornos da detenção de José Sócrates, da sua putativa culpa ou inocência, o que começa a evidenciar-se com alguma nitidez é a fragilidade da Justiça que, aparentemente, mostrou mais “coragem” na detenção e manutenção da prisão preventiva de JS do que “coerência” na prossecução e manutenção processual.
E a ser assim, teremos legitimidade para começarmos a questionar-nos sobre a extemporaneidade do acto e a inconsistência do cúmulo de provas invocadas para a sua clara e cabal sustentabilidade?
Por quê está José Sócrates há mais de meio ano detido em prisão preventiva? Será que aos 9 meses este estranho estado perdurará? E aos 12 meses?
 
Em todas as sondagens de opinião pública feitas pelas grandes empresas/instituições especializadas, a Justiça portuguesa ocupa, não o rés-do-chão do score, mas uma sub-cave de opinião muito negativa. O caso Sócrates irá permitir uma subida ao Paraíso ou, definitivamente empurrá-la-á para os “quintos do Inferno”?
 
Uma coisa é certa, no nosso país, ao que saiba, nenhuns pais ou padrinhos baptizaram de “Justiça” seus filhos ou afilhados. Vá-se lá saber porquê!
 

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