Ficção em meia dúzia de actos

  Sem saudosismos, o euro esgotou-se em poucos anos… Três decénios bastaram. Há quem defenda que a privação da moeda própria de um país é o primeiro passo para a sua aniquilação, pois obriga o Estado a recorrer aos bancos e investidores internacionais. Em simultâneo, é necessário incentivar os políticos a gastarem muito mais do […]

  • 20:35 | Domingo, 05 de Julho de 2015
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Sem saudosismos, o euro esgotou-se em poucos anos… Três decénios bastaram.
Há quem defenda que a privação da moeda própria de um país é o primeiro passo para a sua aniquilação, pois obriga o Estado a recorrer aos bancos e investidores internacionais.
Em simultâneo, é necessário incentivar os políticos a gastarem muito mais do que os proventos do Estado. De seguida, surge um banco supranacional (do tipo BCE) supostamente autónomo e se os políticos demorarem a nele se endividar, há que encontrar alternativas, como uma boa crise internacional, do tipo subprime 2008. Entretanto coloca-se à frente desse banco um Power Mario. Pacientemente deve esperar-se pela falência dos países mais frágeis e exigem-se medidas conducentes ao célere pagamento da dívida.
O polvo corrupto da política, os amigos banqueiros e demais empreendedores, com os seus business angels, mais ou menos às claras arrecadam milhares de milhões. A austeridade gera uma legião imensa de novos-pobres e uma mão cheia de novos muito ricos. A precaridade instala-se. Os patrões ou os cabeças-de-turco dos patrões fazem o favor de dar uma migalha salarial à longa fila de pré-indigentes no desemprego. O custo do trabalho cai para menos de metade. Em nome da crise disparam os impostos. Perdem-se os direitos sociais. Degradam-se os serviços públicos e acena-se aos utentes com o milagre dos serviços privados.
Tolhe-se a Justiça. Degrada-se a Educação. Encarece-se a Saúde… Privatizam-se todos os serviços públicos.
Os meios de comunicação de massas, nas mãos dos bons patrões, banqueiros e/ou seus lugares-tenentes, explicam carinhosamente ao povo que não há dinheiro. E se não há dinheiro, não há vícios e só há duas opções:
Aumentar os impostos;
Baixar drasticamente os salários, as reformas, os custos com Educação, Saúde, Segurança Social… Preferencialmente – e pretextando uma excelente crise – implementar as duas opções.
Só falta vender a tostão todo o património nacional e abandonar o governo com o sentido da missão cumprida.
Claro que este cenário é de pura ficção científica.

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Publicado em Editorial