Coelho e a dinastia Filipina

  Hoje seria feriado. Aliás, foi-o durante séculos. Nem a Iª República o extinguiu. Passos Coelho acabou com ele. Talvez porque a História de Portugal lhe diga pouco ou a ignore. Talvez porque, não a ignorando, o 1º de Dezembro de 1640 lhe seja indiferente. Vai daí, a partir de 2012, o dia da Restauração […]

  • 11:03 | Terça-feira, 01 de Dezembro de 2015
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Hoje seria feriado. Aliás, foi-o durante séculos. Nem a Iª República o extinguiu. Passos Coelho acabou com ele. Talvez porque a História de Portugal lhe diga pouco ou a ignore. Talvez porque, não a ignorando, o 1º de Dezembro de 1640 lhe seja indiferente. Vai daí, a partir de 2012, o dia da Restauração da Independência e da libertação do domínio espanhol de 60 anos (1580/1640) foi relegado à prateleira do esquecimento.
 
Um artigo do último “Courrier Internacional”, com o título “Porque é tão sedutora a ‘jihad’?” aborda o tema do fascínio de muitos jovens europeus pela “guerra santa” num contexto de “utopia mundial”.
Segundo o articulista, religião e política são os fios condutores num contexto desprovido de “recrutamento-tipo”.
Mais, esta adesão não é oriunda de bolsas sociais de pobreza ou marginalização, antes vem da classe média, instruída e abastada. Em França, segundo o Le Monde, um quarto dos jihadistas franceses partidos para a Síria são de “meios não-muçulmanos”.
Respondem a um ímpeto religioso ou a um apelo político? Nada disso… Segundo o articulista, vão em busca de “identidade, sentido, pertença, respeito.”
Exactamente aquilo que as sociedades ditas ocidentais híper-desenvolvidas, na sua perspectiva global crescente, não são capazes de oferecer.
O islamismo, findada a dualidade imperialismo/comunismo, vende a imagem de uma nova luta – à qual os jovens aderem com facilidade e ilusão – centrada num inimigo comum: o presente imoral e esquissando, no abstracto, mais uma utopia radical.
O acriticismo massificado de uma certa juventude aliado a uma mensagem omnipresente divulgada pelo cinema e televisão da violência purificadora, de mãos dadas com uma abastança entediada, propiciam os ingredientes da decisão.
O Lawrence da Arábia na sua versão redentora, audaz, aventureiro e ocioso, descaracterizado na amálgama cosmológica e em busca do tribalismo perdido. Quase uma visão adâmica…
E os cabecilhas perceberam esta psicologia do rebanho triste, amargurado e inconformado. Bastou substituir o pastor, o cajado e o cão da Serra. Vestir-lhe uma túnica, um cirwal ou um ihram, colocar-lhes um turbante ou tarbush na cabeça, uma kalashnikov em vez do cajado e uns mastins afegãos com coleiras aceradas. Acrescer-lhes o direito de matar, reduzir a mulher a um buraco sexual e … Allahu Akbar!
Neste cenário a pergunta é… Onde é que nós falhámos?

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Publicado em Editorial