Bem prega Frei Tomás…

    As minhas terças-feiras começam às 08H00, no café do bairro, a tomar a retemperadora bica quente e a ler a crónica do “colega” Almeida Henriques no “prestigiado” CM. Desta feita, tem de título “Poucochinho”.  Refere-se ao Portugal 2020 e “às piores taxas de execução da história dos fundos comunitários em Portugal.” Almeida Henriques […]

  • 12:13 | Terça-feira, 27 de Fevereiro de 2018
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As minhas terças-feiras começam às 08H00, no café do bairro, a tomar a retemperadora bica quente e a ler a crónica do “colega” Almeida Henriques no “prestigiado” CM.

Desta feita, tem de título “Poucochinho”.  Refere-se ao Portugal 2020 e “às piores taxas de execução da história dos fundos comunitários em Portugal.
Almeida Henriques sabe do que fala pois “passou” como secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional no XIX Governo Constitucional (2011/2013). Aliás, este “cronista” nascido em 1961, hoje à beira dos 60 anos, que tem no seu Net-CV a informação “Profissão Político”, começou em 1990 (ou antes ?) as suas funções nesta área de intervenção, à qual tem consagrado metade da sua existência.
Sabe do que fala. Ou melhor, tem obrigação de saber.
Todavia, a linguagem política que usa, ou se quiserem, o discurso político consumidor da linguagem, nele, continua a enfermar dos generalizados vícios gerais. Fala muito do “momento”, desde que lhe seja conveniente e lhe confira projecção, cavalgando como audaz surfista toda a onda de circunstância. Fala muito do futuro, tempo que muito convém aos políticos da promessa, aos vendedores de ilusões. Porém, fala pouco do passado, das responsabilidades que teve, das possibilidades de fazer e daquilo que nunca logrou fazer.
Assim, esta matéria do Portugal 2020 é-lhe fecunda, na ânsia indisfarçada de ir ao cesto dos euros, matéria que tem dado azo a milhentas lamúrias, pelo atraso em receber as verbas comunitárias.
Diz ele, o cronista, que “Com um Orçamento do Estado sujeito a dieta rigorosa e confinado a despesas correntes, o Portugal 2020 é a luzinha ao fundo do túnel para sustentar a modernização do País (na ferrovia, na energia, na ciência…)” e vai pela leira fora, a trote no seu ginete branco…
Provavelmente, ferrovia, energia e ciência foi onde o XIX Governo que ele integrou mais apostou. Ou estarei enganado?
Mas será que, ao fim de 6 anos de mandato num ciclo por ele dito de uma década, fartos os viseenses de ver e saber como são maioritariamente investidas as verbas orçamentais deste Executivo, na vã e crónica pândega, terá ele, agora, o imperioso desejo de fazer algo que se veja, ou estarão na “incubadora” mais algumas anchas festarolices para as quais já não chegam os impostos pagos pelos contribuintes?
A amnésia política é um acto recorrente dos homens desta “profissão”, pois sabem que a memória dos cidadãos é curta e que o acriticismo, nesta época do efémero, se foca e centra, nas bacoquices momentâneas, semanalmente proferidas.
Em 2012 e 2013, enquanto director de um órgão de comunicação, fiz-lhe duas entrevistas e mandei fazer-lhe uma terceira. É curioso ouvir e comparar as palavras de então e as de hoje, 5 anos volvidos…
Um destes dias, dar-me-ei ao trabalho de brindar os nossos leitores com o “antes” e o “depois” e com “os milhares de milhões” que lhe enchiam então a boca e nós, pobre zé-povo, nunca encontrámos concretizados em coisa palpável que se visse.
É bom termos memória e, de vez em quando, fazermos alguma “arqueologia de discurso”. Encontram-se tantas surpresas…


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Publicado em Editorial