As quintas dos "amigos" do "dono de Viseu", a “cidade criativa e feliz”

    Serão algumas. Entre elas, as de: Reis, Chão de S. Francisco, Falorca, Turquide, Pedra Cancela. Não conheço a maioria dos seus proprietários. Absolutamente nada me move contra eles. Feito este ponto de ordem e clarificadas as posições, a questão que se me coloca é esta: Quem pagou as pinturas murais – da dita […]

  • 16:25 | Segunda-feira, 29 de Maio de 2017
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Serão algumas. Entre elas, as de: Reis, Chão de S. Francisco, Falorca, Turquide, Pedra Cancela. Não conheço a maioria dos seus proprietários. Absolutamente nada me move contra eles. Feito este ponto de ordem e clarificadas as posições, a questão que se me coloca é esta:
Quem pagou as pinturas murais – da dita street art agora talvez farm art – feitas nessas quintas?
Qual foi o critério para a sua escolha ou selecção?
Quem selecionou os “pintores” e com qual critério?
Qual foi o objectivo camarário ao intentar tal “façanha”?
 
Filomena Pires, estimada colaboradora desta Rua Direita, escrevia hoje na sua brilhante crónica:
Qual o critério para escolher os espaços a intervencionar? Que preocupação existe em respeitar a identidade cultural da Street Art?
 A arte é Pública, paga com dinheiro público, mas adorna quintas privadas – com que legitimidade? Para que fruidores?
E mais adiante:
O verniz estala quando os gestos ganham visibilidade. Na realidade, para Almeida Henriques e os seus múltiplos assessores, a verdadeira essência da arte de rua é estranha senão mesmo aversiva. Dificuldades ideológicas mal disfarçadas. No afã de ver Viseu como ela não é, como se fora uma grande capital onde a urbanidade sucedeu ao ruralismo (que valoramos em muitas das suas faces), Viseu, criativo, inventou uma nova modalidade artística, rara, que seletivamente apaga o que é diferente.
A articulista crítica com legitimidade, visão e superioridade aquilo que pessoalmente eu considero atitudes lesivas de um grupo nem mal nem bem-intencionado de parolos urbanos a tentar fazer de contas que Viseu mexe que se farta, a pintar os topos do Bairro da Balsa e a esquecer as fachadas degradadas, sujas, cheias de babas e escorrências.
E aqui está, creio eu, a essência da política autárquica deste executivo: uma megalomania mimética e mal copiada do que se faz por esse mundo fora, com muita mediatização à mistura, ciente de que a obra não interessa, mas sim o que sobre ela se noticia, num barbarismo de pechisbeque, próprio dos tempos da loja dos 300, com uma falta total de ideias efectivas e afectivas, viradas para a qualidade de vida dos munícipes e não de rosto aberto ao holofote da camara de filmar.
Viseu hoje tornada um dormitório de Mangualde, de Nelas, de Tondela, incapaz de gerar emprego para a sua população, para a qual este executivo nunca demonstrou ter uma política coerente de integração, riqueza, dinamização e de concretização, está-se a tornar uma imensa feira franca, cheia de barracas de comes e bebes e de “artistas” de plurais e consabidas artes, cientes de que chegou o seu tempo de tocar gaita de beiços.
Provavelmente, para o mentor deste forrobodó da Betesga, assim se construirá uma “cidade criativa e feliz”… talvez, para alguns, que se deixam levar neste ilusório charivari de pagode ou dele tiram materiais dividendos.
Porém, o caldo entorna-se da malga quando se põe a pintar paredes nalgumas quintas da região… O acto até pode ser de fácil explicação, todavia não alcançamos o objectivo. Tão pouco os critérios. De todo, este perdulário esbanjar dos dinheiros públicos tirados dos bolsos dos munícipes que não são donos de quintas nem têm quem lhes pague a pintura das casas, dos muros, ou dos tectos negros de humidade.
Lembram-se quando estava contratado um artista estrangeiro para vir adornar a fachada do prédio da Segurança Social? Sem dar cavaco sequer ao Estado, dono do prédio? Este é um mero exemplo de como a ignorância tem perna curta e longo atrevimento…
 
Nota final: Sou um apreciador do grafiti-arte.
(fotos com DR)

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