As “anedotas” de Almeida Henriques

Negar sempre a realidade dos factos é uma técnica muito usada por determinados políticos que contam com o apoio da comunicação social vigente para dar eco às suas mais malabarísticas cambalhotas. Usando e abusando de uma retórica cosmética, tanto clamam que o preto é branco como que o branco é preto, segundo as circunstâncias momentâneas. […]

  • 21:15 | Terça-feira, 30 de Abril de 2019
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Negar sempre a realidade dos factos é uma técnica muito usada por determinados políticos que contam com o apoio da comunicação social vigente para dar eco às suas mais malabarísticas cambalhotas.

Usando e abusando de uma retórica cosmética, tanto clamam que o preto é branco como que o branco é preto, segundo as circunstâncias momentâneas.

Acontece por toda a parte. Infelizmente cada vez mais e numa apropriação descarada da própria linguagem, estribam-se no conhecimento da acefalia maioritária dos destinatários – que e segundo alguns políticos são todos parvinhos e idiotazinhos – e, cientes e fundamentados naquilo que G. Steiner considerava: “Pensar é de tal modo perdulário que chega a ser difícil de acreditar. É o consumo ostensivo no seu pior”*, fiéis cientes ainda da desmemória acrítica dos tempos, proferem no momento a demagogia adequada à conveniência da hora. E fazem-no com um ar convicto e, provavelmente, de dedo em riste a enfatizar a estapafúrdia rábula…


Desta feita, na última Assembleia Distrital de 26 de Abril, Almeida Henriques, sem se rir, com o maior despudor afirmou perante as críticas da oposição ao fim dos “Jardins Efémeros”, de Sandra Oliveira:

Os senhores falharam porque não acautelaram com o Estado central para que apoiasse o evento. Não foi a autarquia, que lá põe 125 mil euros. Tivessem influenciado e falado junto do vosso governo, até porque uma das questões que a Sandra Oliveira me trouxe é que falharam 15 mil euros de apoio do Ministério da Cultura”.

E isto dito, uma onda de alívio tê-lo-à provavelmente avassalado…

Coitada da “Senhora Câmara”… faltaram-lhe os 15 mil euros… E alguém, em sua perfeita sanidade mental, acredita em tal cínico despautério ou maquilhagem do real?

*Steiner, G. – “Dez Razões (Possíveis) para a Tristeza do Pensamento”. Relógio d’Água.

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Publicado em Editorial