Aquilino e Raul Proença, Sernancelhe e Caldas da Rainha

    Que há de comum entre estes dois Homens? Ambos tiveram um papel importante e de activismo político na 1ª República. Aquilino nasceu em Carregal, Sernancelhe, a 13 de Setembro de 1885, Raul Sangreman Proença nasceu nas Caldas da Rainha a 10 de Maio de 1884, separando-os pouco mais de um ano e tornando-os […]

  • 12:46 | Segunda-feira, 16 de Novembro de 2015
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Que há de comum entre estes dois Homens?

Ambos tiveram um papel importante e de activismo político na 1ª República. Aquilino nasceu em Carregal, Sernancelhe, a 13 de Setembro de 1885, Raul Sangreman Proença nasceu nas Caldas da Rainha a 10 de Maio de 1884, separando-os pouco mais de um ano e tornando-os contemporâneos na mais verdadeira acepção do termo.
Já Aquilino sofrera as agruras da 1º prisão, em 1907, na esquadra do Caminho Novo, em Lisboa e o seu 1º exílio em Paris (1908-14) quando, juntamente com Proença, escritor, jornalista e economista integram o Grupo da Biblioteca Nacional (1919-26) de onde haviam de sair os fundadores da revista Seara Nova (1921), Teixeira de Vasconcelos, Raul Proença, Câmara Reis, Jaime Cortesão, Aquilino Ribeiro e Raul Brandão.
Ambos, Aquilino e Proença, combatem a ditadura sidonista (1918), combatem a ditadura militar em 1926 e ambos são exilados na sequência das sublevações do Porto e Lisboa em 1927. Aquilino parte para o seu 2º exílio, Proença para o 1º. Em Paris juntam-se a um grupo de centenas de exilados políticos, mantendo do exterior a sua intervenção política.
Aquilino tem o seu 3º exílio em 1928 e até 1932, na sequência da sua detenção na gare de Contenças, em Mangualde, quando tenta evitar o descarrilamento do comboio que traz para Lisboa os 300 militares do Regimento de Pinhel, para combaterem a repressão.
Raul Proença cria o Guia de Portugal onde Aquilino colabora. Se Proença morre na década de 40, Aquilino apoia ainda a candidatura de Norton de Matos (1948-49) e  a de Humberto Delgado (1958), contra o fascismo vigente, falecendo a 27 de Maio de 1963 tendo ainda sofrido as agruras da justiça, em 1959, pela publicação do seu livro “Por quem os Lobos Uivam”.
No sábado, dia 14 de Novembro de 2015, as autarquias de Sernancelhe e das Caldas da Rainha uniram suas sinergias para recordar alguns dos pontos comuns entre ambos e, também, para homenagear a castanha e o castanheiro em dia de S. Martinho.
Uma comitiva chefiada por Carlos Silva Santiago desceu às Caldas, mais sernancelhenses e os vereadores Carlos Santos e Armando Mateus.
No Museu Etnográfico das Caldas da Rainha foram recebidos pelo director de Turismo, António Marques e pelo director do Museu, Mário Lino e pelo autarca local, Tinta Ferreira.
Aí, Paulo Neto e Alberto Correia proferiram duas comunicações, respectivamente sobre os 3 exílios de Aquilino e A Mística do Castanheiro. Houve momento musical e, de seguida, na Praça da República, 3 dezenas de assadores de castanhas (martaínhas, de Sernancelhe), ranchos folclóricos e largas  centenas de caldenses, deram a animação à tépida noite, assim desencadeada em torno da vivênia de dois homens de excepção e vulto que o destino quis que traçassem alguns comuns percursos quase 90 anos atrás.
Estreitaram-se laços entre as duas autarquias e gizaram-se planos futuros para dar continuidade a este colaboração/cooperação  agora encetada, numa lógica de intermunicipalidade cultural, com afinidades que merecem ser relembradas, realçadas e entretecidas para conhecimentos actual dos vultos de um passado recente que marcaram com sua vida e obra uma das épocas mais conturbadas da História contemporânea de Portugal.


Os municípios das Caldas da Rainha e de Sernancelhe estão de parabéns.

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Publicado em Editorial