A polémica do vazio ou a visita do ministro da Educação a Sernancelhe, Carregal e Soutosa

    O ministro da Educação e Ciência foi hoje a Sernancelhe, Carregal e Soutosa homenagear Aquilino Ribeiro nos 52 anos da sua morte. Foi o único titular da pasta a fazê-lo. Independentemente de querelas político-partidárias que queiram com este acto trazer a terreiro, improfícua será a contenda, pois espremida pouco sumo deitará… Fosse do […]

  • 23:29 | Quarta-feira, 27 de Maio de 2015
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O ministro da Educação e Ciência foi hoje a Sernancelhe, Carregal e Soutosa homenagear Aquilino Ribeiro nos 52 anos da sua morte.
Foi o único titular da pasta a fazê-lo.
Independentemente de querelas político-partidárias que queiram com este acto trazer a terreiro, improfícua será a contenda, pois espremida pouco sumo deitará…
Fosse do Partido Socialista, do CDS/PP, do PCP ou do BE o simbolismo do acto seria igual. Porém, para o alcançar é preciso superar as baias da ideologia.
Aquilino Ribeiro merece todas as homenagens e ninguém, em democracia, poderá ser inibido de as prestar por ser cristão ou muçulmano…
Ouvi falar de “encenação”. Ouvi dizer que o ministro não lia Aquilino. Até me perguntaram se “endireitei”.
Aquilino foi toda a sua vida gerador desta dinâmica conflitual Amor/Ódio. Eu estou entre os primeiros.
As encenações são nas últimas décadas mais palco das mundivivências de políticos em governação, do que verdadeiramente de gente do mundo do teatro e do cinema. Há fitas cabonde por aí. E nem é preciso sair de Viseu para as vislumbrar a par e passo.
Há muita gente a “amar doudamente” Aquilino por modismo. Sem nunca ter lido o mais singelo opúsculo, o mais delgadinho conto, a mais espartana novela. Não é grave.
Se um ministro da Educação vai homenagear um escritor, numa promessa de há muito feita, terá esse direito? E tem que ser do partido A ou B? E não pode ser do C ou D? É redutor… Goste-se ou não do político em causa e do conjunto da sua política com que direito se ajuíza sobre uma homenagem deste teor, crida e testemunhada como da mais legítima genuinidade?
Quanto a quem me perguntou se “endireitei”… a resposta é simples e singelinha: as muitas décadas do percurso da minha vida foram sempre feitas “levantado do chão”, erecto, direito como um fuso. Mas e de facto confesso… o meu CV é muito incompleto: falta-me formação específica e concreta no ambrangente e lato quadrante das políticas partidárias. Mas entre ser “torto” ou “direito”, o milhão e meio de anos que o homo erectus levou até à verticalidade da sua postura, deveria levar-nos a todos a respeitar a teoria da evolução, de Darwin, que mais não fosse…
E não fiquem com azia por um ministro da Educação ir aos “topos” do axis mundi de um escritor. Congratulem-se com isso e, mesmo “tortos” esforcem-se e leiam os seus livros. Também podem ler a sua biografia e nela encontrar excelente e modelar exemplo para sensata reflexão. Deixem o mensageiro e cinjam-se à mensagem…

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