A “ocacultura” do Rossio

    Não se pode exigir que um presidente de câmara seja um florentino culto, na acepção renascentista do conceito. A ele, que foi sufragado pelo povo e é um operacional político que se soube guindar à cabeça da edilidade, requer-se seja um bom gestor da coisa pública. A cultura, pode vir, ad latere, por […]

  • 22:18 | Quinta-feira, 31 de Maio de 2018
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Não se pode exigir que um presidente de câmara seja um florentino culto, na acepção renascentista do conceito.

A ele, que foi sufragado pelo povo e é um operacional político que se soube guindar à cabeça da edilidade, requer-se seja um bom gestor da coisa pública.
A cultura, pode vir, ad latere, por outras vias, por intermédio do seu satff, por exemplo através de um vereador atento e responsável.
Almeida Henriques será um eventual detentor de noções básicas e cosméticas de cultura. Não faz mal. Faz sim muito mal, criar um vereador  da cultura e do turismo – assim mesmo designado, de mãos dadas, a dizer univocamente ao que vem – que não é mais que um seu lugar-tenente, diz-se que oriundo dos quadros da CCDRN, tornado assessor de sE, homem hábil a vender ideias e a jogar com uma comunicação social dócil, exonerado pela cessante presidente da AR quando tentava ser desse órgão assessor, ao mesmo tempo que fazia a campanha eleitoral do chefe pelas pródigas landes do Dão, onde se viu, subitamente, erigido a pensador-mor do condado do Rossio.
Culturalmente e para além de uns luminosos e anedóticos textos de outdoor, pouco ou nada se lhe conhece de obra pré-feita.
Porém, valioso há-de ser, pois, tornado que foi o delfim do edil, ele e um discreto “pompom” que chegou de mobilete aos Paços do Concelho, logo se tornaram as vozes audíveis em terra de surdos, os fazedores de obra que os atentos não vêem, mas da qual aos gagos ouvem falar.
Almeida Henriques não gostará de livros. Por isso reprovou a ideia da Feira do Livro que lhe foi proposta. Provavelmente porque não lhe foi apresentada pelo seu ideólogo “do regime”.
Ele parece gostar é do Dão Branco e Tinto, festival bicolor-rosé cultural que, a peso de ouro, traz ao burgo 2 ou 3 iluminados das Letras, para 2 ou 3 centenas de deslumbrados espectadores e uma dúzia de “jornalistas”, inebriados pelo charme dos turismos rurais e pelo glamour saboroso da gastronomia e dos vinhos regionais.
É a cultura da pinga. É a cultura “prêt-à-porter” abusada, ofendida e despida da sua essência grandiosa, para se tornar em mais uma das bobas criações disfuncionais dos visionários do vazio.


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Publicado em Editorial