A cultura da festarola

  Tenho muito respeito pelas festas populares, seus promotores e frequentadores. Perco o respeito por quem as organiza quando desrespeitam a lei em vigor e numa segunda-feira de madrugada, dia de trabalho, às 02h15 da manhã, continuam esfusiantes a atroar os ares com suas músicas a um nível de decibéis tal que ninguém num raio de […]

  • 12:54 | Segunda-feira, 03 de Agosto de 2015
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Tenho muito respeito pelas festas populares, seus promotores e frequentadores.
Perco o respeito por quem as organiza quando desrespeitam a lei em vigor e numa segunda-feira de madrugada, dia de trabalho, às 02h15 da manhã, continuam esfusiantes a atroar os ares com suas músicas a um nível de decibéis tal que ninguém num raio de quilómetros tem direito ao merecido/devido repouso.
Estes festejos não se podiam fazer na mesma com outro comedimento sonoro? Quem concede as licenças para estas actividades? Com que critério? Não há fiscalização para os abusos? Não há regras? Pelos vistos… não!
E contudo, não me admira que as Juntas e comissões de Festas das aldeias em redor de Viseu o façam se o vêem fazer ao presidente da autarquia local, que é um tipo bom em festarolas e se é capaz em mais alguma coisa ainda está para o provar.
Admira mais que as autoridades abdiquem de actuar e sejam anuentes com estes atropelos à lei audíveis por toda a parte.
Viseu e seus arredores, nesta “cultura da festarola”, está a assemelhar-se a um albergue espanhol onde, na sua decadente órbita, gravita uma fauna de gente que embolsa milhares a promover, organizar e concretizar as mais diversas festanças, para justo divertimento e gáudio de uma camada da população que as aprecia, mas em injusto detrimento de muita criança, idosos e cidadãos que precisam do seu repouso, ou por motivos de saúde ou porque trabalham. Essencialmente quando existem abusos da natureza do ora aqui descrito.
O autarca-mor nem sequer tem o bom senso necessário para ver isso, empenhado em deslumbrar veraneantes e emigrantes com a competência da gaiteirice, nem as autoridades parecem empenhadas em fazer cumprir a legislação em vigor, que deve ser clara nesta matéria.
É natural que quando não há obra substantiva para ser mostrada, se recorra à adjectiva ribaldeirice, “pândegas” vínicas e demasiado “caroço” no anúncio do que se há-de fazer, há-de criar, há-de modificar, há-de modernizar, há-de melhorar, há-de há-de…
Até hoje, um plof… E a continuar neste rumo, uma redobrada falência e conquistado insucesso de todas as suas propostas eleitorais.
O pão e o circo são desde Roma antiga a solução dos déspotas perante um povo espoliado e faminto. Passa das 02H15 e o frenesim atordoante continua.
Os autarcas foram a banhos. E as autoridades?

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Publicado em Editorial