1º de Maio: a (im)pertinência de uma data

  Há datas que estão ligadas a acontecimentos relevantes da História da Humanidade, de uma Nação, de um Povo. Algumas tendem a cair no esquecimento com um raro sentido de oportunidade e/ou oportunismo . No calendário lusitano, duas datas muito próximas e relevantes se sucedem: o 25 de Abril e o 1º de Maio. Se […]

  • 19:04 | Quinta-feira, 30 de Abril de 2015
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Há datas que estão ligadas a acontecimentos relevantes da História da Humanidade, de uma Nação, de um Povo.
Algumas tendem a cair no esquecimento com um raro sentido de oportunidade e/ou oportunismo .
No calendário lusitano, duas datas muito próximas e relevantes se sucedem: o 25 de Abril e o 1º de Maio. Se a primeira delas é exclusivamente “nossa” e simboliza o fim da ditadura e a instauração da Democracia, a segunda é internacional, mundial, global.
O que significa o 1º de Maio? Sem fazermos exaustiva dissertação sobre factos que facilmente encontrará através de qualquer motor de busca, esta data respeita aos acontecimentos desencadeados em 1884, nos EUA, quando os principais sindicatos operários desencadearam dois anos de luta pela conquista do horário laboral de 8 horas. O 1º de Maio foi o dia escolhido para o início do processo. A recusa patronal, em muitos casos, gerou um movimento grevista de grande amplitude nacional. Houve confrontos entre manifestantes e polícia e vários mortos.
Honrando esta efeméride, a IIª Internacional Socialista reunida em Paris em 1889 decide fazer do 1º de Maio o Dia das Reivindicações Operárias. Mais tarde, Dia do Trabalhador. Curiosamente, no país que lhe deu origem, o “Labor Day” festeja-se na primeira segunda-feira de Setembro.
Diacronias à parte é um marco fundamental na história das relações laborais.
O actual governo de Portugal não aprecia. Também só festeja o 25 de Abril por quase “imposição” e por “parecer mal” não o fazer.
A CMV, genialmente inventiva como é de seu peculiar timbre e tom, festeja não o 1º mas sim o 2º de Maio, no antigo Mercado da cidade com esse nome.
Cito o blogue de AJ, com a devida vénia, para explicação toponímica:
Inaugurado em 1879, como “Praça 2 de Maio”, este foi o mercado de Viseu durante mais de 100 anos. Um espaço marcado pelo cunho da História e das memórias. “2 de Maio” evoca o ano de 1834 e assinala um acontecimento marcante para Viseu nessa data: a entrada vitoriosa das tropas comandadas pelo 1º Duque da Terceira, após a derrota dos miguelistas. Depois disso, e ainda hoje, é o “mercado” para os viseenses. Tendo deixado de funcionar como tal no ano de 1990, este espaço nobre do centro histórico foi requalificado com a assinatura do Arq. Álvaro Siza Vieira em 2002 e é, hoje, um ex-libris da cidade.
 
A simbologia do “Labor Day” foi perdida… E porém, nenhum trabalhador a devia esquecer pelo muito que lhe deve e pelo que significa em termos de conquista social alcançada…

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