Homenagem aos trambelos de Vildemoinhos – Dia Nacional dos Moinhos

07 de Abril  – Dia dos moinhos abertos de Portugal   Pelo 9.º ano consecutivo se celebra no dia 7 de Abril do corrente ano o Dia dos Moinhos abertos de Portugal, efeméride que pretende evocar o extraordinário papel que os moinhos tiveram na construção e desenvolvimento da nossa cultura (de outras culturas também) e […]

  • 10:22 | Terça-feira, 07 de Abril de 2015
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07 de Abril  – Dia dos moinhos abertos de Portugal

 

Pelo 9.º ano consecutivo se celebra no dia 7 de Abril do corrente ano o Dia dos Moinhos abertos de Portugal, efeméride que pretende evocar o extraordinário papel que os moinhos tiveram na construção e desenvolvimento da nossa cultura (de outras culturas também) e constituir-se como natural e exigente apelo para o ainda necessário estudo deste tradicional equipamento tecnológico que se foi aperfeiçoando ao longo dos milénios, ora submergido em nosso tempo pelos sofisticados engenhos de um último estádio da nossa civilização industrial. Etapa esta que prosseguirá nessa pedagógica tarefa de salvaguarda de muitos destes só aparentemente modestos monumentos da invenção humana sem os quais esse primordial e simbólico alimento dos homens, o pão, não teria chegado à nossa mesa.


A Arqueologia tem vindo a cumprir o seu papel prospectando os chãos que o homem habitou, pelo menos desde o Neolítico, e vem recuperando em teoria e em museu esses arcaicos testemunhos moageiros, os moinhos de rebolo, elementares, os casais de mós, a dormente e a volante, que o homem, talvez primeiro a mulher, penosamente fazia girar antes que um animal se acoplasse a uma estrutura que lentamente se desenvolveu, (e estou-me a lembrar das atafonas e desse paciente caminhar de vaquinha ou de muar) até à invenção do rodízio que a corrente de água pôde mover, até à armação das velas que puderam fazer o primeiro aproveitamento da energia do vento.

Ei-los ainda por aí, moinhos de vento alvoroçando a paisagem, desafiando a nossa imaginação como fizeram com o fidalgo da Mancha, moinhos de água laborando ao jeito da maré ou esparrinhando como se foram rastos de luz a água expulsa do cavername de pedra pelo impulso do rodízio. Às vezes ainda se encontra um moleiro, ainda há o cheiro leve da farinha, burricos já não há levando carga, ficou, como memória, toc-toc – a canção que Junqueiro fez da Moleirinha.

Fico-me por Vildemoinhos, à beirinha de Viseu. Os trambelhos são netos de moleiros. Dos moinhos dos avós guardam lembrança, guardam lendas que essas trazem a mais saborosa das memórias, guardam histórias, e foi do cerzir delas, da lenda e das histórias, que um dia nasceram e hoje se constroem as suas impressivas Cavalhadas.

 

(Foto PN)

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Publicado em Cultura